Créditos

Direcção,Organização,Redacção: Álvaro Lobato de Faria

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Água de Cheiro, Pó de Arroz, em Tempo de Beija-Flor e Papagaio de Papel

Festa em noite suburbana, acrílico s/ tela, 125x200cm

Aqui, tudo se passa à noite.

Antes, durante ou depois de uma festa que se arrasta pelas horas, as noites não contemplam períodos de descanso. Aumentam as batidas da música e do coração e nem a visão fica diminuída, iluminados que surgem homens e bichos, numa luxúria cromática de extraordinária força lírica.

Luares radiantes, cúmplices e confidentes, que encerram segredos de conquistas e namoros clandestinos, apadrinhados pelo universo ancestral do animismo africano, repleto de criaturas oníricas.

Nestas festas, os sons parecem romper os limites da tela e não existe tristeza.

Serestas e serenatas, luzes, cores e perfumes são ingredientes constantes que Roberto Chichorro utiliza como garante de sedução. E múltiplas são as personagens e os seus mistérios. Inebriantes. Repletas de paixão e erotismo incendiários.

Mulatas que sonham, maquilhadas de muciro e pó de arroz, que se aprontam para a festa, que se insinuam ou se ajeitam à janela. E esperam… cativas de amor.

Os homens agitam-se, os bichos também.

Cabras e gatos e bodes e peixes e burros e cães namoradeiros, e os outros, que não sabemos quem são, mescla de fábulas e recordações.

Tocadores de viola, de flauta, de piano. Homens-lua, conquistadores.

Karingana II - noivamento com beija-flor em noite de muitos sonhos, acrílico s/ tela, 120x120cm

E os pássaros. Beija-flor ou papagaios de papel. Intermediários entre céu e terra, entre mulheres e homens, polinizadores que segredam recados, com morada voluntária nas muitas gaiolas douradas que pendem do infinito.

Este sentido mágico de permanente comunhão com a natureza decorre de vincados traços da personalidade do pintor, do lado idílico do seu pensamento simbólico, da sua admiração perante a beleza do mundo.

E é relato de espaços, de tempos e de mundos vividos. O presente não é só o agora, é também lembrança do passado.

A natureza da obra de Roberto Chichorro é alegórica. Não contempla, por isso, inquietações racionais ou dúvidas lógicas. Exprime a língua das gentes e dos bichos e toda a narrativa convida à demora, tantos são os pormenores e as histórias que irrompem dentro da história.

Rejeitando a verosimilhança naturalista, não privilegia a forma mas a essência, legando ao nosso imaginário um amplo mostruário de celebração da vida, alcançado por meio de filtros de sensibilidade melancólica e delicada, autónomo do real convencionado.

Roberto Chichorro pauta-se pelo sentido de unidade, num espírito de síntese que, não sendo economicista, permanece atento ao pormenor.

Renuncia à concordância das cores com os referentes representados e confere-lhes contrastes e harmonias inexistentes na realidade visível.

Tecnicamente, esta aplicação cromática, de selecção aparentemente arbitrária uma vez que renuncia a qualquer naturalismo, enfatiza tendências opostas na forma e no conteúdo. Codifica sentidos.

A cor não é um simples valor estético. E Chichorro tira partido das misturas ópticas, joga com o brilho e a saturação numa cumplicidade constante entre dominantes e acentuantes, e mantém a nossa atenção focada em todos os pontos da tela.

Grandes manchas de cor chapadas, fechadas por negros contornos e pontilhadas, amiúde, pelo esplendor do ouro, conferem uma expressividade vibrante que explica, decerto, a vitalidade da obra deste grande Mestre.

Chichorro não representa. Cria mundos. Abre-nos frestas de portas. E acorda em nós o desejo de espreitar. Vermos sem sermos vistos. Sermos de novo meninos, em noite escura de insónia ou de bicho papão, à procura de um mundo de luz e cor que não é nosso, para espantar o medo.

O nosso reino de fantasia, denso e subtil, realista e fantástico, onde os homens ensinam os bichos e os bichos aprendem a ser homens, na festa das cores da vida.

Acordes em azul com flores, acrílico s/ tela, 117x90cm

Aqui tudo se passa à noite. Nunca amanhece. Mas não existe tristeza, só nostalgia…

Álvaro Lobato de Faria / Director Coordenador MAC


A inauguração

"Água de Cheiro, Pó de Arroz, em Tempo de Beija-flor e Papagaio de Papel"
Sexta-Feira, 21 de Janeiro de 2011, Centro Cultural de Cascais

O evento contou com a presença de dezenas de convidados e amigos do pintor, decorrendo no habitual clima de festa que rodeia Roberto Chichorro.







No final da noite, a expressão era de grande alegria e cumplicidade entre os membros da Direcção do MAC e o pintor.

Joana Paiva Gomes, Roberto Chichorro e Zeferino Silva
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ROBERTO CHICHORRO
Água de Cheiro, Pó de Arroz em Tempo de Beija-Flor e Papagaio de Papel
CENTRO CULTURAL DE CASCAIS
de 21 de janeiro a 6 de março de 2011
terça a domindo, das 10:00 às 18:00
ENTRADA LIVRE

+ INFO
www.movimentoartecontemporanea.com

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

ROBERTO CHICHORRO no Centro Cultural de Cascais

Água de Cheiro, Pó de Arroz, em Tempo de Beija-Flor e Papagaio de Papel dá nome à última exposição de Roberto Chichorro, que inaugura a 21 de Janeiro, pelas 21:30, no Centro Cultural de Cascais.
A exposição é produzida pela Fundação D. Luís I e conta com comissariado e apresentação de Álvaro Lobato de Faria.
Trinta e uma obras repletas de magia e sedução, luz, música e cor, para ver até 6 de Março de 2011.

Era uma vez a lua, acrílico s/ tela, 120x120cm, 2006

Tempo de encanto com cabrinha rosa, acrílico s/ tela, 115x145cm, 2003

Noite enluarada com cão vermelho, acrílico s/ tela, 146x114cm, 2004

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Aceite o nosso convite



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Roberto Chichorro
Água de Cheiro, Pó de Arroz, em Tempo de Beija-Flor e Papagaio de Papel

CENTRO CULTURAL DE CASCAIS
Exposição patente ao público de 22 de Janeiro a 6 de Março de 2011
Terça a Domingo, das 10:00 às 18:00
Avenida Rei Humberto II de Itália, 2750-641 Cascais



Mais informações
www.movimentoartecontemporanea.com

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Feliz 2011

De partida para São Paulo, o primeiro périplo cultural do ano, partilho algumas das sugestões que podem encontrar no MAC ainda este mês.

Até 12 de Janeiro, pintura de Luísa Nogueira, “Entre Bichos”, e Colectiva de pintura, escultura e cerâmica, para ver até 27.

A todos os amigos, parceiros e colaboradores, os desejos de um Feliz Ano Novo. E até breve.

Fernando d`F. Pereira, O Mágico. técnica mista s/ plexigass, 50x50cm

Elsa Rodrigues. Pasmadinhos. Cerâmica.

Ricardo Paula. Os sons da chuva. óleo s/ tela. 110x130cm

João Duarte. Dolce Vita I. Fundição em bronze

Maria João Franco. Parceira das minhas ilusões. técnica mista s/ tela, 116x89cm

Luísa Nogueira. A agitação dos tresnoitados, técnica mista s/ papel, 15x22cm

Matilde Marçal. Jardim seco. óleo s/ tela, 89x116cm


Mais informações:

MAC – MOVIMENTO ARTE CONTEMPORÂNEA

mac@movimentoartecontemporanea.com / tel. 213850789 / 213867215 / tm. 962670532

Rua do Sol ao Rato, 9C, 1250-260 Lisboa / Av. Álvares Cabral, 58-60, 1250-018, Lisboa